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O guião que foi rejeitado e deu origem a um dos melhores filmes de sempre

  • Sara Duarte
  • 3 de dez. de 2017
  • 4 min de leitura

Como já deves saber, se leste os textos anteriores desta secção, ser argumentista é um trabalho exaustivo e por vezes até chega a ser ingrato. Neste texto vou falar de um caso extremamente curioso de um argumentista, Andrew Kevin Walker, cujo primeiro guião foi inicialmente rejeitado por várias personalidades do mundo do cinema por ser “demasiado violento e obscuro”.

E de qual filme estarei eu a falar afinal, perguntas-te certamente. Já ouviste falar do Se7en (em português Os Sete Pecados Mortais)? Aquele filme extraordinário dirigido por David Fincher? Já estás a ver qual é? Pois. Foi esse mesmo!

Antes de mais, este artigo pode conter informações que revelam o enredo do filme (SPOILER ALERT). Caso ainda não o tenhas visto, aconselho vivamente que minimizes esta página, vejas o filme e, só depois disso, voltes para ler este artigo.

Se7en surgiu num contexto muito específico, não apenas da história do cinema como da história social e mundial. Foi em meados da década de 90, quando o mundo saía definitivamente de uma ideia de positivismo, excessos e prosperidade, que o então novato Walker escreveu o guião do filme e correu atrás de todos os agentes de Los Angeles que trabalhavam com thrillers.

Quando a ideia base da história com os sete crimes e os sete pecados mortais germinava em Andrew, educado em criança segundo as bases da religião católica, este vivia em Nova Iorque e trabalhava nas Tower Records, apesar de já ser formado em Cinema e Artes de Produção. O argumentista trabalhou, então, em vários filmes independentes de baixo orçamento, mas, frustrado com a falta de sucesso, entrou numa profunda depressão. Conseguiu, no entanto, canalizar o seu humor negro para a criação do seu primeiro guião, Se7en, em 1994. Há quem diga que a escrita do filme terá sido uma “carta de amor” do guionista para a cidade de Nova Iorque. Claro que de carta de amor, o filme não tem absolutamente nada.

Então, mas como é que um guião tão genial pode ser rejeitado, perguntas-te, certamente. Ora, apesar de agora ser considerado sublime e de ser estudado e admirado a nível mundial por qualquer entusiasta da sétima arte, na década de 90, a história passou por diversos diretores e atores antes de chegar à New Line Cinema (que acabou por comprar os direitos para produzir o filme). David Cronenberg e Guillermo Del Toro (enquanto diretores) e Denzel Washington, Val Kilmer, Al Pacino e Sylvester Stallone (para o papel dos protagonistas) foram as personalidades que a recusaram porque a acharam sombria, violenta, imoral e demasiado pesada.

Nesta fase ficou então conhecido como “o filme da cabeça na caixa”, e Andrew foi pressionado a reescrever o final do filme. Fez então diversas versões “suavizadas”, porém, a que chegou a David Fincher, por equívoco, foi, sem mais nem menos, a original. Fincher ficou fascinado com o poder da história e concordou fazer o filme, mas somente se o final fosse o originalmente imaginado pelo argumentista.

[endif]--Assim nasce a aceitação, quer do realizador quer dos principais atores, pela construção de uma história sem final feliz, e de facto funciona, já que como diz o poeta: primeiro estranha-se, depois entranha-se. E assim foi, o filme acabou por ser mais coerente com a noção de pecado que o atravessa e teve o impacto desejado na altura em que se estreou. A razão pela qual ainda é, nos dias de hoje, lembrado e destacado dos demais é este final sufocante, um pouco violento, mas, sobretudo, inteligente.

Dez coisas que provavelmente não sabes sobre o filme:

1. O personagem Mills, interpretado por Brad Pitt, foi primeiramente oferecido a Denzel Washinghton, que o recusou por achar o argumento "muito obscuro e cruel”. O estranho desta situação é Washington ter acabado por protagonizar o filme O Colecionador De Ossos, uns anos mais tarde, que segue a mesma linha obscura de "Seven".

2. Os executivos que estavam envolvidos no projeto eram contra o final original do filme, mas Brad Pitt e Morgan Freeman bateram o pé, chegando mesmo a ameaçar não gravar o filme caso o final fosse suavizado.

3. O nome de Kevin Spacey foi retirado propositadamente de todo o material publicitário e dos créditos iniciais do filme para que o público não suspeitasse nunca da identidade do assassino. Para compensar isto, o seu nome é o primeiro a aparecer nos créditos finais do filme.

4. Apesar de ser considerado um dos assassinos mais perigosos do cinema, John Doe não é visto cometendo nenhum assassinato ao longo do filme.

5. Antes do início das filmagens, Kevin Spacey perguntou a Fincher se deveria rapar a cabeça para o seu personagem, ao que o cineasta respondeu: "Se rapares, eu rapo a minha também". Se viste o filme sabes que Spacey está careca, portanto, sim, os dois raparam o cabelo e assim se mantiveram até ao fim das gravações.

6. Alguma vez reparaste que todos os números dos prédios que aparecem nas cenas de abertura começam com o número 7? Parece que foi tudo pensado ao pormenor!

7. Brad Pitt ganhou 7 milhões de dólares para fazer o filme.

8.Como forma de se preparar para a traumática cena da interrogação, Leland Orser decidiu respirar muito rápido e ficar sem dormir durante dias, fazendo com que a cena se tornasse o mais real possível.

9. Durante as filmagens, alguns polícias verdadeiros perceberam que Morgan Freeman estava a segurar a arma de forma errada, então decidiram ensinar o ator a usá-la de forma correta.

10. Brad Pitt magoou a mão numa cena e David Fincher resolveu manter o curativo até o fim, como parte da trama;

E aqui está o link para leres o fabuloso guião de Andrew Kevin Walker:

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