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“You have to read widely, constantly refining (and redefining) your own work as you do so. If you do

  • Mariana Pires Mendes
  • 27 de nov. de 2017
  • 3 min de leitura

Os guiões são um meio altamente visual, do que deriva a assunção mais ou menos lógica de que os guionistas precisam de ver filmes. No entanto, se és um aspirante a guionista, ver filmes não é suficiente: precisas de os ler.

Ler é, no geral, importante – quer sejam romances, bandas desenhadas, a parte de trás da caixa dos cereais ou da embalagem do champô –, porque, ainda que desatento, o teu cérebro estará a estabelecer centenas, senão milhares, de conexões subtis entre linguagem e narrativa.

Se queres escrever guiões de cinema, precisas de ler guiões de cinema – é tão essencial quanto o aquecimento de um jogador de futebol profissional. Agarra uns quantos guiões, e lê-os página a página. Depois vê o filme. Depois volta a ler o guião. Só assim aprenderás o que não fazer, e porquê. A leitura de guiões excelentemente produzidos providenciar-te-á uma referência para o que é possível e como poderás aplicá-lo à tua própria escrita.

Os benefícios deste hábito transparecerão, antes de mais, na qualidade das tuas descrições e diálogos. Por um lado, permitir-te-á perceber que não necessitas de descrever tanto como pensas, e aprender a passar o que está na tua cabeça para o papel da forma mais evocativa e emocionalmente ressonante possível. Por outro, matará a tendência para escrever diálogos “espetados no nariz” do espectador, nos quais as personagens frequentemente falam de uma forma robótica, artificial e expositiva, para benefício da audiência: ensinar-te-á a revelar subtilmente a informação, permitindo ao espectador inferi-la, ao mesmo tempo que manténs a maior parte das conversas curtas e incisivas.

Ler guiões providencia ainda um benefício adicional – permite-te ver formatação apropriada em ação. É extremamente útil ver como vários escritores trabalham dentro das regras da formatação e até mesmo como as usam a favor da sua visão artística.

Tem em mente, no entanto, que existem algumas diferenças entre guiões profissionais e amadores. Por exemplo, os guiões profissionais contêm por vezes alguns daqueles ângulos de câmara que provavelmente te disseram que nunca deverias incluir no teu guião (tais como PULL BACK, PAN LEFT, REVERSE ANGLE, etc). O parágrafo de abertura de Eternal Sunshine of the Spotless Mind, de Charlie Kaufman, tem 16 linhas, em oposição ao frequentemente citado máximo de 5 linhas. Os Irmãos Coen não se incomodam em usar sluglines. No entanto, estes são escritores estabelecidos que, tendo aprendido todas as regras, estão em posição de as quebrar, numa decisão estilística consciente. Enquanto aspirante a guionista, ainda não chegaste lá.

Agora que estás convencido, sugiro que sigas este programa de três passos para a leitura de guiões:

1. Faz o download de 50 guiões

Faz uma lista de 50 guiões. Não te restrinjas a guiões mais recentes ou apenas dentro do teu género predileto. O objetivo é ler em variedade. Listar alguns guiões premiados também poderá ser uma boa ideia.

Poderás pesquisá-los e fazer o seu download gratuito num destes 15 sites:

2. Define um horário de leitura

Olhar para 50 guiões numa pasta no teu computador pode ser desencorajador, mas se te comprometeres a ler, por exemplo, dois guiões por semana, vais rapidamente passar por todos eles. Desenha um plano de ação. Fixa-o na parede ou secretária e começa a levar a leitura de guiões a sério – deverá ser parte integrante do teu horário de escrita, tanto quanto efetivamente escrever.

3. Começa a ler

Primeiro, ignora a sensação de que estás a desperdiçar tempo de escrita valioso “apenas lendo”. Não estás.

Segundo, lembra-te de que não deverias apenas ler guiões, mas estudá-los. É possível ler um guião – sentares-te e passar página atrás página, até alcançar o seu fim – ou ler um guião – dividi-lo nas suas partes, analisando a sua estrutura, tentando determinar porque funciona ou não, numa espécie de engenharia reversa.

Há valor em ambas as abordagens. Se lês um guião de uma assentada, aprendes acerca do andamento, sentimento, tom e temas. Se dissecas um guião e o analisas, estás em essência a escavar mais fundo em direção ao coração da história – e aí poderás descobrir insights enormes. Um guião pode ser dividido em várias unidades estruturais, respeitando diferentes critérios: cena-a-cena; transições; sequências de cenas; principais plot points; subplots; diálogos.

Esta é a única maneira de conseguir que o ritmo e sentimento de um guião reverbere nas tuas veias. Há por aí muitos livros, cursos e seminários sobre como dominar o ofício de guionista, mas os melhores guiões contêm tudo o que precisas de saber, espraiado nas suas páginas.

 
 
 

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