Rir sem ouvir
- Vânia Lima
- 26 de dez. de 2016
- 2 min de leitura
A maior das dificuldades na escrita de guiões reside no escrever para ver - no facto de termos que descrever todos os movimentos e expressões dos personagens. A par disto, temos os diálogos que ajudam a caraterizar personagens, a definir o rumo das histórias e a perceber o que está a acontecer. A comunicação verbal é aquela a que estamos mais habituados, é a mais direta, pelo menos para a maioria.
Mas nem só de filmes falados vive o cinema. Aliás, todos já nos rimos bastante com a personagem “Mr. Bean” que nunca proferiu uma palavra.
É precisamente sobre isso que vamos falar, sobre a história do cinema mudo, mais especificamente das comédias mudas.
No caso das comédias mudas, o sucesso é mais fácil que noutros géneros, pois o elemento visual favorece a piada.
A primeira comédia muda é datada de 1896 - L'arroseur arrosé ("O Regador Regado"), dos irmãos Lumière.
Uns anos mais tarde, Max Linder consegue criar uma personagem peculiar. Um dos seus principais filmes foi “Max Pédicure Pour Amour” (“Calista Por Amor”) de 1912. A sua estrutura narrativa viria a inspirar Charles Chaplin na criação da personagem do vagabundo.
Mas foi nos Estados Unidos da América que as comédias mudas alcançaram outros fins, nomeadamente a crítica social. Como o país estava a passar por um período pós-guerra civil, as comédias abordavam temas rapidamente percebidos pelo público, como a crítica às instituições convencionais, o casamento e a escola, por exemplo.
Com o surgimento de Charles Chaplin, há uma grande alteração no cinema cómico. Com uma sensibilidade proveniente da cultura inglesa, a sua interpretação foi-se aprimorando até nos fazer chegar a eterna e inconfundível personagem do vagabundo.
Seguem-se a Chaplin três grandes nomes do cinema mudo: Buster Keaton, Harold Lloyd e Harry Langdon.
Com o avançar da ciência e com a sincronização do som com a imagem, foram poucos os cómicos do cinema mudo que sobreviveram. Chaplin, ainda se tentou adaptar a estas mudanças com o seu primeiro filme com som, “The Great Dictator (“O grande ditador”), em 1940. No entanto, a longa-metragem esteve longe de outros êxitos do comediante.
Comments