Annie Hall
- André Bonito Mendes
- 27 de mai. de 2016
- 2 min de leitura
Em 1977, foi apresentada ao público uma das mais bem sucedidas obras cinematográficas de Woody Allen: Annie Hall. O filme foi dirigido e co-escrito pelo nova-iorquino (juntamente com o brasileiro Marshall Brickman) e viu o seu sucesso ser reconhecido sendo distinguido com inúmeros prémios, incluindo os Óscares para Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Atriz e ainda Melhor Guião Original, na cerimónia de 1978.
O filme que no Brasil recebeu o título de “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”, conta a história de Alvy Singer (Woody Allen) e do seu relacionamento com Annie Hall (Diane Keaton), sendo a acção narrada na primeira pessoa pelo personagem que tem diversas similitudes com o próprio Woody Allen: humorista oriundo de Brooklyn que, após dois divórcios, acabou por ter um relacionamento com a Diane Keaton.

O protagonista retrata a sua relação com as mulheres através de uma velha piada que diz “I would never wanna belong to any club that would have someone like me for a member” e, ao longo do filme, leva-nos numa viagem por momentos da sua infância e acontecimentos marcantes da sua vida amorosa ao longo dos anos.
No que diz respeito ao papel do guião, há diversas cenas dignas de salientar sobretudo pela inovação e pela eficácia, quer para efeitos de humor, quer para o sucesso da transmissão da história. Eis alguns exemplos. Uma das cenas iniciais, enquanto Alvy Singer está a partilhar a sua infância com a audiência, conta um episódio em que o jovem Alvy beija uma colega em plena sala de aula. Quando reprimido pela professora e chamado pela mesma, eis que surge na sua cadeira o Alvy “atual” questionando a professora sobre o porquê de tal reprimenda e travando um diálogo com os seus colegas de turma. A cena inclui ainda uma nota do narrador que se questiona sobre a situação atual dos seus antigos colegas, seguida de algumas intervenções das crianças na sala de aula como “I run a profitable dress company” ou “I used to be a heroin addict, now I’m a methadone addict”.
Há também uma situação em que Alvy Singer se irrita com as afirmações de um indivíduo que estava atrás de si na fila para o cinema. O protagonista dirige-se para a câmara a queixar-se e é de imediato confrontado pelo tal indivíduo. Envolvem-se numa pequena discussão até que Alvy decide chamar Marshall McLuhan, o académico canadiano sobre o qual estavam a discutir, e este lhe dá razão. A cena termina com o ator a virar-se novamente para a câmara e a suspirar “Boy, if life was only like this”.
Por fim, outro episódio a destacar surge durante uma das primeiras conversas entre Alvy e Annie. A tensão era notória e, à medida que as personagens vão estabelecendo diálogo, são inseridas legendas com os pensamentos dos dois, tais como “I wonder what she looks like naked?”, “God, I hope he doesn’t turn out to be a shmuck like the others” ou “Christ, I sound like FM radio. Relax.”
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