Da vida real para o guião
- Jéssica Silva
- 18 de mai. de 2016
- 2 min de leitura

Escrever um guião, seja para uma curta-metragem, filme, telenovela ou série, não é, nem nunca será, tarefa fácil. Os caminhos a seguir são infinitos e cada escolha que seja feita, tanto a nível dos décors, das personagens, dos acessórios, das histórias de vida representadas, marcam o sucesso, ou não, da criação. Assim, o que muitos guionistas tentam fazer é trazer realidades que vivenciamos todos os dias para o ecrã. Porquê? Porque é mais fácil que alguém se identifique com algo que já lhe aconteceu ou um tema que lhe seja próximo, do que deparar-se com um tema completamente novo e desconhecido.
São muitos os exemplos que podemos citar quanto a isto. A transformação da vida quotidiana para o ecrã é caraterística fundamental e irreversível em quase todos os casos. Um dos últimos casos mais falados da transfiguração de um tema atual e do quotidiano para o ecrã é dos Simpsons.
Após 27 temporadas, a personagem Smithers – assistente de Mr. Burns – revela que é homossexual. Este episódio foi baseado na relação do escritor do guião - Rob LaZebnik (na imagem) – com o filho Johnny LaZebnik. O guionista referiu ao New York Post que: "Sou um tipo do interior [dos Estados Unidos], portanto não costumo mostrar muito os meus sentimentos. Mas pensei: que melhor forma de dizer ao meu filho que o amo do que escrever um desenho animado com essa mensagem?".
Segundo Johnny a cena da série teve bastante semelhança com o acontecimento da vida real: "Eu era um miúdo com muitas características homossexuais e os meus pais viam isso. Eu disse-lhe que estava interessado num rapaz e eles responderam 'pois, nós sabemos'".
Este tipo de transposições – da vida real para o ecrã – pode ser visto, também, como uma forma de abrir a mente dos espectadores para aceitarem questões mais controversas. O próprio autor do guião afirma que: "Por vezes pode ter um impacto real na maneira como as pessoas pensam, e eu espero que [este episódio] também tenha impacto na vida amorosa do meu filho - não que ele precise de ajuda."
Comments